O Currículo

Língua: falar, escrever, ler

Paciência, fantasia e amor são as ferramentas indispensáveis a um professor na passagem da imaginação infantil para a abstração intelectual da escrita moderna.  Antes de escrever, movimentar – a escrita precede a leitura.  Os primeiros cadernos estão cheios de cores, de formas, de linhas retas e curvas, onde se advinham os gestos e os movimentos que se fizeram, bem antes com o próprio corpo e com o mundo ao redor.  Surge a primeira letra – o R, por exemplo.  E com ele a história do Rei!  A criança entra no mundo da escrita pela mão da fantasia que a nutriu nos primeiros anos de vida.  Sente-se em casa, não se assusta, consegue avançar com confiança.  A leitura acontece naturalmente – afinal se está escrevendo, consegue também ler o que escreveu!  E o interesse está despertado.  Lê-se em voz alta, descobre-se a gramática…  O aluno compõe a cada ano, textos mais compridos e mais reveladores de si mesmo.

 

Matemática e Geometria

Os elementos matemáticos são, primeiramente, assimilados através de movimento de ritmo – fazem contas, recitam tabuadas, trabalham com unidades, dezenas, centenas. As operações são introduzidas cedo, e estimula-se a curiosidade e a atividade livre do pensamento através do método analítico: assim oferece-se à criança não um simples 2+2=?, mas um libertador 2+?=4.  Mais tarde entra o ensino das frações, as medidas e suas transformações, a álgebra.  Na Geometria, o professor parte da vivência das formas e faz delas algo dinâmico. Em vez de teoremas abstratos, o conhecimento vivo e artístico.

 

História

Nos primeiros anos, os alunos percorrem, pela vivência dos contos de fadas, lendas e mitos, a maneira de pensar e sentir dos povos de épocas passadas.  Este conhecimento é trazido para a consciência no 5o ano, onde são tratadas as velhas civilizações da Antiguidade.  Ideias, imagens e dramatizações enriquecem e ensinam.  Desperta a consciência da distância histórica, da evolução do ser humano.  Até o fim do ensino fundamental, os alunos percorrem toda a História do homem.

 

Geografia

Nos primeiros anos o professor ajuda o aluno a se orientar nas redondezas.  A partir do 4º ano, os alunos tentam transformar o seu conhecimento do ambiente imediato em pequenas plantas.  Como que em círculos concêntricos, estes conhecimentos são alargados para regiões mais afastadas, países, continentes e, finalmente a Terra toda.  Seja o tema ecologia, movimento do Sol ou da Lua, o ensino não se limita a transmitir fatos, mas sim solicitar o raciocínio do aluno evitando a simples memorização de nomes e detalhes.

 

Línguas estrangeiras

São oferecidas duas Línguas Estrangeiras desde o primeiro anoAté o 4º ano, o ensino se dá por imitação. O ouvido acostuma-se, aprende canções, versos e ritmos.  A partir do 5º ano são introduzidas leituras, ditados, composições e regras gramaticais.

 

Matérias científicas

Zoologia, Botânica, Mineralogia, Química, Física e Astronomia trazem o mundo para dentro da classe e abrem os olhos das crianças.  Esse estudo começa a partir dos 9 anos de idade – antes disso, criança e mundo formam um todo ainda indivisível.  Nas aulas, mostram-se os fenômenos, realizam-se experiências e vivências, descreve-se o ocorrido e chega-se assim aos conceitos e explicações.

 

Agricultura e jardinagem

Trabalhar a terra, despertar o interesse pela natureza, vivenciar atividades milenares como o semear, o plantar e o colher.  Ver crescer o que a própria mão plantou e descobrir a responsabilidade que todos herdamos ao nascer na Terra: descobertas fundamentais ao jovem que cresce na direção da consciência da própria ação no planeta.

 

Euritmia

A euritmia desenvolve os gestos e os movimentos do corpo humano, elevando-os para que venham a ser verdadeira expressão visível e artística daquilo que, na fala e na música, se ouve, mas não se vê. A euritmia fortalece a vontade, qualidade fundamental para o aprender e o trabalhar.

 

Matérias artísticas e artesanais

(Johann Bieberle) Durante o primeiro setênio, o uso das mãos e dedos, assim como os movimentos harmoniosos do corpo em jogos e rodinhas, ajudam a desenvolver as forças plasmadoras do corpo humano.  No período seguinte, é a percepção de belas formas, cores e sons harmônicos que atuam na organização corporal, enquanto a vivência intensiva das belezas da natureza contribuirá, por sua vez, para vivificar o organismo vital.  Vejamos um exemplo: nas aulas de jardinagem, uma criança aprende a observar os processos de crescimento e de desabrochar de uma flor, cuidando dela, a partir de semente, com as próprias mãos.  Isso fortalecerá suas próprias energias evolutivas.  Além disso, o aluno desenvolverá uma atitude de veneração diante das forças cósmicas que plasmam a planta.

Todavia é pelo próprio fazer que influências plasmadoras atuam mais especificamente na vivificação do organismo.  Cabe em particular à euritmia um efeito altamente terapêutico e revigorante.  O aluno que se tornar mais hábil, no decorrer do segundo setênio, por meios de trabalhos manuais, pela prática de um instrumento musical ou mediante qualquer outra atividade apropriada, terá menos dificuldade em adquirir, mais tarde, os conhecimentos exigidos nas matérias intelectuais.

O desenvolvimento de todo o organismo é, pois, favorecido pelo hábito de uma atuação harmônica das mãos e dos membros.  Quando esta atuação consciente vier a fazer parte da vida em representações mentais, ela terá se metamorfoseado a partir das forças da fantasia.  A criação artística eleva o homem acima das meras necessidades existenciais e lhe fomenta a expressão da sua verdadeira humanidade. Despertar e desenvolver essa capacidade é o mais nobre propósito da área das artes plásticas. A escola Waldorf não quer formar artistas, mas sim seres humanos capazes de assumir, mesmo em nossa época, o seu destino, e de atuar harmoniosamente no contexto social de sua vida futura.